Parceria entre Instituto Ahô e FibroMauriti ilumina a jornada de mulheres com Fibromialgia
- Acácio Morais

- 6 de nov.
- 3 min de leitura

A manhã de 4 de novembro marcou uma travessia que transcende quilômetros: saímos de Juazeiro do Norte e cruzamos o chão batido do Cariri, atravessando Barbalha, Missão Velha e Milagres, em direção a Mauriti. Na cidade de pouco mais de 40 mil habitantes, de comércio central e sob o calor tórrido que pairava no ar, encontrava-se uma poderosa congregação de esperança: o Projeto FibroMauriti: Viver Bem – Cuidado integral para pacientes com Fibromialgia.
A comitiva do Instituto Ahô foi recebida na Câmara Municipal de Mauriti pela Katiane Lucena Leite e a equipe multidisciplinar do projeto. No auditório, cerca de 40 das 74 pacientes cadastradas no projeto, em sua maioria mulheres, vestiam a camisa do FibroMauriti, prontas para receber não apenas uma palestra, mas uma ponte para um cuidado mais claro e acessível.
O Projeto FibroMauriti, uma iniciativa da Secretaria Municipal de Saúde, nasceu em 12 de maio de 2025, o Dia Nacional da Fibromialgia. A ideia surgiu da necessidade latente de pacientes que buscavam ajuda, e da própria experiência de Katiane, que é fibromiálgica.
A equipe é robusta e diversificada, garantindo a abordagem integral: Dra. Aline (Psicóloga), Dra. Milena (Enfermeira), Dr. Kaynan (Fisioterapeuta), Dra. Mara Andréia (Nutricionista) e Klebyvan (Educador Físico).
A parceria com a Associação Canábica Instituto Ahô concretizou-se com o propósito de romper barreiras financeiras e de acesso. Todas as pessoas no Projeto FibroMauriti recebem descontos nos medicamentos, a partir da matrícula gratuita, única e vitalícia.
Ao ser questionada sobre as perspectivas futuras, Katiane Leite foi categórica e otimista: "Nossas perspectivas futuras são que possamos diminuir o uso dos medicamentos farmacêuticos nos nossos pacientes, tendo em vista que os resultados sejam positivos com o uso da cannabis. Que nossa parceria possa ser longa e se estender a outros projetos do município."
A demanda é predominantemente feminina, um reflexo estatístico da própria doença: das 74 pacientes cadastradas, apenas dois são homens, sublinhando o impacto da fibromialgia na saúde da mulher.
A voz de quem sente
O momento mais tocante da visita foi ouvir a paciente Tatiane. Com 14 anos de diagnóstico e uma longa jornada de uso de medicamentos convencionais, seu depoimento resumiu a urgência de tratamentos alternativos e eficazes.
"Chegou uma situação que não tinha nenhuma medicação para eu tomar," desabafou Tatiane, referindo-se ao ponto em que os fármacos tradicionais já não faziam efeito.
O óleo de cannabis não foi apenas mais uma opção; foi um divisor de águas na qualidade de vida.
"Eu tomava remédio para dormir e hoje não tomo mais. Tomava corticoide e hoje não tomo mais. Hoje eu tomo o canabidiol (CBD) e o THC," relatou, antes de reforçar o valor do tratamento. "É uma medicação difícil, nem todo mundo trabalha [com ela], e as pessoas não sabem o valor dessa medicação."
Ela encerrou o depoimento com uma comparação financeira que valida o investimento na qualidade de vida: "Se você botar na ponta da caneta: compra um remédio para dormir, compra um remédio para dor, compra um anti-inflamatório, vai dar o mesmo valor do preço do canabidiol, e fora que favorece muito, pois eu até fiquei sem andar."
Testemunhar as mulheres de Mauriti com suas blusas vibrantes, atentas à informação e munidas de seus celulares, foi ver a esperança traduzida em acesso. A parceria entre o Instituto Ahô e a Secretaria Municipal de Saúde em Mauriti não é apenas um desconto, é a validação de que o cuidado integral e cientificamente fundamentado deve chegar onde a dor é mais sentida. É a cannabis medicinal, através do Projeto FibroMauriti, trazendo evolução, adaptação e a possibilidade de socialização de volta a estas mulheres guerreiras do sertão.
Diretor de Comunicação do Instituto Ahô




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